Na prática
TC
Refletir para transformar!
Alcançar uma vida autêntica, munida de coragem e altamente construtiva, é a aspiração de todas as pessoas. A prática budista possibilita que os indivíduos conquistem esses atributos, além de suscitar que os praticantes busquem o constante autoaprimoramento e obtenham uma vida de plenitude, independentemente dos desafios que os cercam. No budismo, essa transformação interior é chamada “revolução humana”. Para realizar esse feito, as pessoas não precisam se tornar especiais ou tentarem ser o que de fato não são. Mas, sim, conduzir uma existência repleta de ações valorosas e que inspirem as demais a cultivar uma vida verdadeiramente feliz. Isso significa que o caminho da transformação pessoal reside no esforço contínuo para empreender a autorreflexão e o autoaprimoramento com base nos ensinamentos do Budismo de Nichiren Daishonin. Dessa forma, vamos entender a importância de refletir sobre as diversas áreas da vida que nos permeiam, e fazer o ano vindouro ser inesquecível e repleto de vitórias.
04/12/2020
A reflexão é o primeiro passo para a mudança
Chegamos em dezembro, mês de encerramento de uma importante etapa. Este também é um período de avaliação do ano que se conclui, e a reflexão é o primeiro passo para profundas mudanças.
Para os praticantes do Budismo Nichiren, essa ação fundamentada na prática budista esmera o tesouro do coração, e certamente refletirá de maneira positiva na vida do indivíduo.
O fundador da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, observou:1
Como seres humanos, devemos avançar continuamente com um senso de propósito. É claro que ao longo do caminho inevitavelmente sofreremos derrotas e cometeremos erros. Essas serão oportunidades para fazermos uma autorreflexão. Sem isso, não podemos progredir. Algumas pessoas dizem que fazer autorreflexão é viver no passado e que, portanto, não se pode conseguir nada de positivo com isso. No entanto, a autorreflexão não é o mesmo que se arrepender, apesar de as pessoas sempre fazerem confusão. Nada se consegue do arrependimento. A autorreflexão leva ao avanço.
Por exemplo, digamos que uma jovem agia de maneira hostil com seus familiares, e esse comportamento também era reproduzido em outros ambientes. Certo dia toma uma importante decisão após profunda reflexão: “De agora em diante, vou controlar a minha impulsividade e passar a respeitar a opinião das outras pessoas”. Ou mesmo: “Vou me esforçar para criar ambientes de muita alegria”. Com uma postura assim, ela está criando caminhos para alcançar a revolução humana. Ou seja, essa transformação interior consiste em refletir e agir para se tornar uma pessoa melhor.
Então, vamos analisar importantes aspectos do nosso cotidiano e ponderar o que é possível melhorar para construir uma vida ainda mais próspera.
As sete saúdes
Em poucos dias, um novo ciclo anual se iniciará. Para essa nova fase, é fundamental estar preparado com grandes doses de motivação, coragem e sabedoria. A autorreflexão em áreas que norteiam a vida também será importante. Ao ajustar o que é possível melhorar e imprimir mais ímpeto em pontos exitosos, seguramente o desfecho será a vitória. Para auxiliar a conquistar este objetivo, apresentamos o conceito conhecido como “sete saúdes”.2 A finalidade é que cada um possa refletir, ponderar, aprimorar e transformar esses aspectos.
1. Saúde Intelectual
Se seu desempenho para enriquecer os conhecimentos, desenvolver habilidades e descobrir novos talentos em 2020 não foi tão bom assim, não se preocupe. Para o próximo ano, lance um objetivo que seja concretizável. Com disciplina e esforço, mergulhe na leitura e na realização de cursos (independentemente de ser em sua área profissional), além de outras atividades que contribuam para o progresso da saúde intelectual.
2. Saúde Familiar
A família é a organização mais importante na vida de qualquer pessoa. Contudo, existem famílias com desafios de relacionamento. O primeiro passo para uma boa interação de seus membros é manifestar coragem para que haja diálogo sincero carregado de compaixão. E também deve haver cooperatividade entre os integrantes da família, apoio e incentivos mútuos permeados de afeto. Uma família unida ultrapassa até as ondas mais bravias das adversidades.
3. Saúde Financeira
É essencial manter a saúde financeira equilibrada. Ser próspero financeiramente não significa ter mais rendimentos, mas entender como é importante gastar com comedimento, economizar com firmeza e investir com inteligência. Para o próximo ano, em vista dos efeitos pós-pandemia na economia, seja prudente.
4. Saúde Profissional
Esteja consciente do seu desempenho profissional. Faça uma avaliação sincera do universo que compreende a vida no trabalho, como o relacionamento com colegas, o alcance dos objetivos propostos e a capacitação contínua. Caso não esteja inserido no mercado de trabalho, mantenha-se sempre preparado, quando menos esperar as oportunidades vão aparecer. Realize o seu melhor, sempre!
5. Saúde Física
É importante manter hábitos saudáveis ao longo do ano. Cultivar uma alimentação balanceada, realizar exercícios físicos regularmente e ter uma boa qualidade de sono são alguns dos requisitos para ter uma boa saúde física. Não se esqueça de ir ao médico periodicamente.
6. Saúde Social
Para viver em sociedade, é necessário ter serenidade e equilíbrio. É fundamental também se preocupar com as pessoas ao redor para que elas superem os próprios desafios. Empenhar-se para realizar shakubuku é contribuir de maneira efetiva para a prosperidade da sociedade.
7. Saúde Espiritual
Ao conduzir a prática budista repleta de alegria, seja nos momentos de infortúnios ou de contentamento, uma energia vital transbordante, coragem para enfrentar os desafios e renovada disposição serão evidenciadas para os avanços necessários nas demais áreas da vida.
Independentemente de como a prática da fé foi realizada até então, o mais importante é renovar o espírito de perseverar neste momento, e buscar vencer a si próprio.
Ao refletir sobre onde melhorar, a partir do conceito das “sete saúdes”, e, acima de tudo, iniciar ações efetivas com base na prática budista, grandes transformações serão concretizadas e a própria revolução humana decorrerá desse esforço.
Para ilustrar esse processo, vamos conhecer a história de superação de uma integrante da Divisão Feminina dos Estados Unidos, que venceu diversos desafios depois de fazer uma autorreflexão fundamentada na prática do budismo.
História de inspiração
Em outubro de 1980, o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, participou do Festival Cultural de Chicago. Na ocasião, foram realizados diversos espetáculos, entre eles a apresentação musical de Sachie Perry e seus sete filhos. A Sra. Perry experimentou intensos desafios antes de ingressar na SGI. Compreendendo que seu destino seria alterado com a reflexão e a ação dos pontos a serem transformados, sempre com base nos ensinamentos do Budismo de Nichiren Daishonin, ela conquistou grandes realizações. Os fatos estão descritos no romance Nova Revolução Humana.3
Ela [Sachie Perry] foi atingida pela bomba atômica em Hiroshima quando tinha 14 anos. Em 1952, casou-se com um militar americano e se mudou para os Estados Unidos. Contudo, o que a aguardavam era o alcoolismo e a violência do marido, as dificuldades financeiras, a delinquência dos filhos, a parede do idioma, a discriminação e o preconceito. Ela trabalhou desesperadamente para criar os sete filhos. A localidade em que a família morava era palco constante de confrontos raciais e disputas de poder, e o marido lhe fez carregar arma de fogo para sua proteção. Diariamente, ela vivia amargurada em sofrimentos e trêmula de medo.
Certo dia, ela ouviu a respeito do budismo por intermédio de uma mulher oriental que morava perto de sua casa e iniciou a prática budista.
A chama do seu coração ardeu diante dos incentivos que afirmavam que ela conseguiria ser feliz sem falta. Mais que qualquer outra coisa, ela queria transformar seu destino.
Com o passar do tempo, em diversos momentos durante a recitação do daimoku, Sachie sentia a coragem emergindo de sua vida. A partir do estudo do budismo e dos incentivos dos líderes, ela compreendeu que seria fundamental mudar a conduta — principalmente o relacionamento com seu marido e filhos, e a motivação para encarar os obstáculos como oportunidades.
No Festival Cultural de Chicago, Sachie Perry apresentou seu relato de experiência:
Querido Yamamoto [pseudônimo do presidente Ikeda no romance] sensei! Quando iniciei minha prática do budismo, levava meus dias agoniada e prostrada diante das dificuldades da vida, sem autoconfiança, sem coragem e sem qualquer aspiração. Quando pensei que não havia outra forma de conquistar a felicidade a não ser por meio desta fé, eu me esforcei com todas as forças na propagação do budismo.
Com a voz estremecida pela emoção, ela manifestou:
Sensei! Agora conquistei a harmonia familiar e me tornei muito feliz! Meus filhos se desenvolveram de maneira admirável. Vim orando para que o senhor pudesse vê-los um dia. Esses são os meus filhos!
Os holofotes do palco iluminaram os sete filhos dela. A apresentação musical se iniciou, e os filhos cantaram e tocaram instrumentos acompanhando o ritmo suave.
A paz do mundo se inicia a partir da revolução humana e da transformação do destino de uma única pessoa.
Os filhos herdaram as aspirações da mãe e se desenvolveram como líderes da sociedade e também do kosen-rufu. A filha caçula Ayumi, que tinha saúde frágil e vivia doente, mesmo em meio às dificuldades financeiras, conseguiu se formar na faculdade, trabalhar com educação, fazer pós-graduação e concluir o doutorado. Ela se engajou como líder dos educadores e de empresas e organizações, e também atuou em programas de desenvolvimento de “valores humanos” como de funcionários das Nações Unidas. Na SGI-Estados Unidos, ela se tornaria coordenadora nacional da Divisão Feminina.
Sachie Perry vivia amargurada e prostrada diante das dificuldades antes de conhecer a prática budista. Contudo, o esforço para avançar em cada aspecto da vida, com uma resoluta conduta na fé, resultou numa vida primorosa, e seus filhos herdaram as aspirações da mãe tornando-se pessoas de referência na sociedade e na SGI-Estados Unidos.
Avançar mesmo que seja um pouco
A história de Sachie Perry é fonte de incentivo e de grande inspiração de superação. Com o exemplo da Sra. Perry, compreendemos que o caminho da transformação pessoal, por mais profundo que seja, é possível e reside no esforço contínuo para empreender a autorreflexão e o aprimoramento com base nos ensinamentos do Budismo de Nichiren Daishonin.
Trazendo esse aprendizado para a vida diária, ao refletir sobre cada aspecto da vida (“sete saúdes”), empenhando-se ininterruptamente para se tornar hoje uma pessoa melhor que ontem, mesmo que seja um pouco, você contribuirá para a consecução da própria revolução humana. Com essa postura e convicção, 2021 certamente será um ano de grandiosas e inesquecíveis vitórias. Vamos com tudo!
Notas:
1. Brasil Seikyo, ed. 1.640, 16 fev. 2002, p. A3.
2. Leia mais sobre os temas relacionados às “sete saúdes” (intelectual, social, financeira, física, familiar, profissional e espiritual) nos artigos exclusivos do BS+.
3. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana, v. 30-I, p. 276-278.
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