Relato
BS
Livre para voar
De Ananindeua, Pará, Ayko realiza, um a um, seus sonhos, inspirada nos ideais do Mestre
Redação
22/11/2023
A vida é o bem mais precioso. Meu nome é Ingrid Ayko Noguchi Botega, 21 anos, moro em Ananindeua, PA, norte do país. Tenho plena convicção de que sou fruto da boa sorte e da determinação de minha mãe, Hitomi, e de todas as gerações de budistas da família que vieram antes de mim. Essa convicção é enraizada na poderosa força do Nam-myoho-renge-kyo para superar qualquer sofrimento.
Com esse pensamento, minha mãe veio seguindo a prática da fé, casou-se com meu pai, Nilson, teve minha irmã, Gianna, e após dez anos estava grávida de mim. Foram muitos os desafios. Nasci com 6 meses, pesando 1,660 kg, passei 36 dias na incubadora da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), adquiri uma infecção hospitalar e cheguei a pesar 950 g. Foi uma batalha pela vida, e minha mãe diz sempre que sou o maior benefício da vida dela.
Retribuição e propósito
Em março de 2013, minha mãe foi diagnosticada com câncer de colo de útero e precisou operar para retirar todo o órgão. Meu pai, minha irmã e eu oramos muito. Era minha vez de retribuir. Ela venceu!
Nos anos seguintes, foi um misto de sentimentos. Enfrentamos questões de desarmonia familiar. Por outro lado, aos 14 anos, fui nomeada responsável pela Divisão Feminina de Jovens (DFJ) de bloco. Fortaleci também minha participação na banda Asas da Paz Kotekitai do Brasil aqui da minha região. Uma Ayko mais corajosa surgia, porque agora tinha a confiança de Ikeda sensei para atuar no local de minha missão.
Em janeiro de 2017, ao participar da Academia dos Sucessores Ikeda, em Brasília, DF, recebemos uma mensagem do Mestre, na qual constam três frases que me acompanham a partir de então. A primeira é “Obrigada”, a manifestação de gratidão. A segunda é “Ensine-me”. É um pedido de aprendizado, pois neste mundo há muito o que descobrir. E a terceira frase é “Vou superar tudo com alegria”. É uma expressão de encorajamento, porque na juventude todos passam por provações; no entanto, não devemos desistir nem nos permitir fraquejar diante das dificuldades e dos sofrimentos.1
Parece que sensei sabia de tudo o que eu vivenciaria. Logo após a academia, a desarmonia familiar resultou na saída do meu pai de casa. Foi uma época bastante difícil. Porém, com a continuidade da prática da fé, mantivemos uma boa relação. Comecei um namoro também em 2017 e estamos juntos até hoje. Em 2018, minha irmã se casou e se mudou para o Japão. Depois, em 2020, veio a pandemia e eu estava no preparatório para o vestibular, período bem desafiador. Com dedicação, ingressei no curso de odontologia na Universidade Federal do Pará (UFPA) no início de 2021. Que alegria na família! Sinto quanto os estímulos que recebemos na organização nos levam aos sonhos que jamais pensamos realizar. Fiz parte da 12ª turma do Ikeda Kayo Kai, em 2020, grupo fundado por Ikeda sensei que neste ano completa quinze anos. Cada incentivo e força que recebi são para mim como as asas de um avião, que equilibram o voo, num trajeto seguro.
Voar ainda mais alto
Falando em voar, numa conversa com minha irmã, decidi que queria ser piloto civil de avião. Ela custeou meu curso teórico, e após isso eu me deparei com as horas de voo práticas necessárias de alto custo. Não tínhamos condições de arcar com as despesas, mas, como jovem Soka que tem a missão de fazer acontecer, resolvi criar e vender porcos no sítio da família da minha mãe. Recebi um valor de presente de meus tios pela aprovação no vestibular, dois porquinhos do meu avô e com a ajuda também da minha irmã, obtive o recurso para iniciar esse processo. E com um objetivo claro decidido junto com minha mãe: não abrir mão do curso de odontologia. Como tem sido maravilhoso comprovar que podemos chegar aonde nosso coração determina.
Com orgulho de pertencer à 12ª turma do Ikeda Kayo Kai, atuo como vice-responsável pelo setor Drum-tai do Asas, e com a alegria de ser vice-responsável pela DFJ de comunidade. Este ano consegui minha carteira de habilitação e meu carro com ajuda do meu pai. Com foco no ano 2024, decidi avançar com as jovens da minha comunidade, realizando visitas em conjunto com as integrantes da Divisão Feminina (DF), nossas superparceiras, para a vitória da rede de 100 mil jovens humanistas.
Estou quase terminando a carteira de piloto privado, a primeira de três carteiras. Seguirei rumo a 2030 honrando o juramento feito ao Mestre e voarei os céus do mundo como “Asas da Paz”. Serei uma comandante humanista Ikeda 2030 com muita gratidão. Agradeço à minha mãe, que está sempre ao meu lado; ao meu pai, por seu apoio; e à minha irmã, por sua preciosa ajuda em tudo. Sou imensamente afortunada por tamanha boa sorte. Muito obrigada!
Ingrid Ayko Noguchi Botega, 21 anos. Estudante de odontologia e de aviação civil. Na BSGI, atua como vice-responsável pela DFJ da Comunidade Ananindeua, RM Ananindeua, CRE Oeste.
Nota:
1. Brasil Seikyo, ed. 2 356, 28 jan. 2017, p. A11.
Pela mãe, Hitomi
Quando segurei aquela bebê franzina em minhas mãos, determinei ao Gohonzon que ela sobreviveria e seria um grande valor para a humanidade. Não podia fraquejar, pois tive a boa sorte de encontrar o budismo aos 8 anos, graças à minha mãe e à minha avó, que descobriram a Soka Gakkai em 1972. Ao superar graves quadros de doença, no coração delas não havia nenhuma dúvida de que o Nam-myoho-renge-kyo é capaz de transformar tudo. Determinei que Ayko sobreviveria para comprovar a força da Lei Mística. É uma filha guerreira e competente em tudo o que faz, tenho muito orgulho e enorme gratidão ao sensei por ter trazido este budismo ao Brasil.
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