Encontro com o Mestre
BS
O castelo de “valores humanos” e o jardim da paz!
O alicerce da Força Jovem Mundial está firme
Dr. Daisaku Ikeda
22/11/2023
O espírito do aprendizado é forte e belo
Respondendo a uma pergunta formulada por Myoichi-nyo sobre o princípio de “atingir o estado de buda na forma que se apresenta”, o buda Nichiren Daishonin a elogia afirmando que seu espírito de procura pela Lei, em si, “...com certeza não é algo comum. O buda Shakyamuni, o senhor dos ensinamentos, teria se apossado da senhora?”.1
Neste “Ano dos Jovens e do Triunfo”, tanto no Japão como em diversos países e localidades, foram desenvolvidas atividades como o Exame e o Curso de Aprimoramento do Budismo de forma tão vigorosa que o tema do ano poderia até ter sido denominado “Ano Mundial de Estudo do Budismo”. Com certeza, Nichiren Daishonin deve estar imensamente feliz.
A sabedoria da África, continente da esperança
Exatamente com a vitalidade de um “Ano Mundial de Estudo do Budismo”, no mês passado [outubro de 2023], foi realizada em diversas localidades da África, continente da esperança, a sexta edição do Exame de Proficiência em Estudo do Budismo. Envolveu 28 países, entre os quais, Costa do Marfim, Gana, Togo, Camarões, Quênia, Madagascar e Zâmbia.
O Exame de Proficiência em Estudo do Budismo foi realizado pela primeira vez no ano 2016. Após uma interrupção em decorrência da pandemia da Covid-19, no ano passado foi retomado depois de três anos. Por meio dessa atividade promovida em vários idiomas, todos têm aprofundado a compreensão sobre o budismo em meio aos belos incentivos e estudos mútuos.
Desta vez, foi realizado pela primeira vez também em Seychelles, arquipélago formado por 115 ilhas no Oceano Índico, distante 1.300 quilômetros do continente africano. Considerando ainda a atuação dos valorosos companheiros do Departamento de Ilhas Vitoriosas do Japão, que comemorou agora os 45 anos da instituição do seu Dia do Departamento, tomei conhecimento desse nobre aspecto juntando minhas mãos em oração.
A voz alegre dos líderes da África do Sul afirmando que “O fato de unirmos o continente do século 21 com o estudo do budismo foi uma grandiosa vitória” toca meu coração.
Em todas as localidades, empreendendo esforços de dificuldade indescritível, nossos companheiros emergidos da terra estão pesquisando e pondo em prática os princípios supremos da transformação da vida, a começar pelo conceito da “possessão mútua dos dez mundos” e dos “três mil mundos num único momento da vida”.
É a filosofia do budismo que prega a existência dos dez mundos em possessão mútua, originalmente, na vida das pessoas. Em particular, destaca que todas as vidas são dotadas da mais nobre natureza de buda de forma imparcial. Não posso deixar de acreditar que esse princípio ressoa profundamente com a sabedoria do povo africano denominada Ubuntu. A palavra Ubuntu indica a natureza do bem da “consideração com os demais” que as pessoas possuem. É também a concepção humana de que “eu existo por existirem as outras pessoas”.2
O ex-presidente Nelson Mandela, “conde de Monte Cristo dos direitos humanos” da África do Sul, também falava sobre a importância do Ubuntu. Houve ainda uma ocasião em que ele compartilhou sua filosofia de vida “forjada” com a experiência de perseverar na luta pelos direitos humanos, suportando a vida carcerária que chegou a 27 anos e meio: “As chamas da bondade do ser humano podem se tornar invisíveis por algum tempo, mas jamais se apagam”.3 Com essa inabalável crença no respeito ao ser humano, ele foi destruindo as espessas paredes da estrutura social da discriminação racial.
Levantem-se, companheiros de todo o Japão!
A promoção do estudo do budismo é a força motriz do kosen-rufu. A primeira vez que a Soka Gakkai estabeleceu o tema “Ano do Estudo do Budismo” foi há sessenta anos, em 1963.
Desde o início daquele ano, foi realizado o Exame de Admissão, do Departamento de Estudo do Budismo, no qual participaram 500 mil membros, homens e mulheres de todas as idades. Assim, a tendência do movimento da majestosa filosofia de vida do povo, pelo povo e para o povo foi sendo impregnada na sociedade de forma silenciosa e profunda.
Além disso, no mês da fundação da Soka Gakkai daquele ano, viajei por todo o arquipélago japonês e, lendo o Gosho, convidei a todos: “Levantem-se, companheiros”.
Para Tohoku e Shin’etsu: “Perseverem na forte prática da fé para construir a paz da humanidade!”.
Para Tóquio: “Pelo bem do futuro, finquem a cunha de que a ‘Soka Gakkai está aqui’!”.
Para Kanto: “Quero que lutem como ‘núcleo da união’ da grandiosa Soka Gakkai!”.
Para Tokaido: “Respeitando-se mutuamente, dediquem-se pelo kosen-rufu com aspecto saudável!”.
Para a região de Chugoku: “Acumulando todos muita capacidade, que tal salvarem o Japão?”
Para Kansai: “Tornando-se aliados das pessoas infelizes, promovam o avanço que seja considerado ‘pilar do Japão’!”.
Para Shikoku: “Sejam pessoas que valham por mil com a chama de ‘salvar todo o povo’ no coração!”
Para Hokkaido: “Visualizando o futuro de dez, vinte anos, sejam o rei leão que amplia a confiança das pessoas!”.
Para Chubu: “Produzindo novos líderes sucessivamente, demonstrem a disposição espiritual pelo kosen-rufu!”.
Para Kyushu: “Promovam uma ‘nova atmosfera’ capaz de romper os impasses da sociedade com suas forças!”.
Além disso, para Hokuriku, antes das demais localidades: “Demonstrem que ‘vence aquele que praticar a fé’!”.
E, no ano seguinte, para Okinawa: “Edifiquem uma terra pacífica por meio do poderoso avanço do povo!”.
Com o sentimento de agora, mais uma vez, quero confiar-lhes essa expectativa.
Há sessenta anos, a atuação que eu mais desejava era a da Divisão Sênior. No editorial da edição de novembro da revista Daibyakurenge, escrevi: “A construção do majestoso castelo do povo Soka está, em primeiro lugar, sobre os ombros do líder da Divisão Sênior. Juntos, vamos dedicar toda a vida em prol do grande empreendimento do kosen-rufu!”.
Quando o herói de muitas batalhas se levanta, a época se movimenta. A história muda.
Há algum tempo, recebi a canção da Divisão Sênior da Índia.
Em um dos versos consta:
Bravos monarcas
Avançando sempre
Com ousadia e força
em um só coração
Com oração que desconhece o medo,
Vamos abrir o caminho
A canção expressa realmente o coração do rei leão.
Juntos no mês de fundação da Soka Gakkai
Sob o esplêndido céu azul, tremula a bandeira de três cores. É como se ela inspirasse o grande avanço dos mestres e discípulos Soka, felicitando o triunfo dos jovens e o brado de vitória das pessoas. Foto tirada por Ikeda sensei em Tóquio, no mês de outubro deste ano [2023]
No dia 18 de novembro, gloriosa data em que se comemora a fundação da Soka Gakkai e o sublime dia em que o mestre predecessor, Tsunesaburo Makiguchi, deixou a vida em prol da Lei, uma chuva de meteoros Leônidas surgirá no céu.
Diz-se que, no Japão, o ápice ocorrerá durante o dia 18. O esplêndido universo lançará uma chuva de meteoros Leônidas [do leão] como se felicitasse os leões emergidos da terra que surgem simultaneamente em todo o mundo. É o Dia da Fundação da Soka Gakkai a ser lembrado junto com o maravilhoso céu límpido e ensolarado.
No dia 18 de novembro de 1978, foi realizada a Reunião de Líderes da Soka Gakkai no Centro Cultural de Arakawa, castelo dos “companheiros de emoção”, em Tóquio. Nessa mesma data, foi lançado o volume 10 do romance Revolução Humana que narra a história da unicidade de luta conjunta da minha amada grande Kansai de Contínuas Vitórias. Em seu capítulo “Determinação”, registrei o rugido do leão do meu venerado mestre, Josei Toda, ao conduzir a explanação sobre budismo no Auditório Público Central da cidade de Osaka, em Nakanoshima: “O único motivo de eu vir a Osaka para rea-lizar essa explanação é porque quero acabar com a pobreza e a doença desta localidade. Não tenho nenhum outro desejo ”.4
Por que lutamos? Por que criamos “valores humanos”?
É porque temos o ambicioso sonho de acabar com a miséria deste mundo.
Nos tempos iniciais, os amigos de Kansai fizeram do coração do venerado mestre o próprio coração e se levantaram bravamente para a transformação do destino de sua vida e o do país. Isso se tornou a torre dourada da concretização do “inacreditável”.
Recordo-me com saudades da Convenção da Soka Gakkai, realizada pela primeira vez fora de Tóquio, naquele Auditório Público Central da cidade de Osaka, em dezembro de 1973, “Ano do Estudo do Budismo”, denominação esta que havia sido adotada pela segunda vez. Era o mesmo palco de realização do Grande Encontro de Osaka que levantou as chamas do espírito de luta — “não podemos perder” [maketara akan, em dialeto de Kansai].
Aquele ano tinha sido também o “Ano dos Jovens”, no qual brilhava a atuação dos jovens.
Na época, por influência da Guerra do Yom Kippur, no Oriente Médio, o preço do petróleo subia às alturas. Além disso, as pessoas enfrentavam uma crise alimentar devido às condições meteorológicas anormais em escala mundial.
Em minhas palavras naquela convenção, citei uma passagem do tratado Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra: “Quando uma nação cai em desordem, são os demônios quem primeiro mostram sinais de violência. Como esses demônios se tornam violentos, as pessoas também ficam perturbadas”.5
Ou seja, por trás da desordem social, há sempre um distúrbio no coração e nos pensamentos dos seres humanos.
A violência decorrente do ódio acaba sendo justificada pela priorização dos interesses do país sobre a vida humana. Quem mais sofre com essa inversão de valores são as pessoas comuns do povo. São as crianças e as mães.
Essa situação é ainda mais grave hoje. Por isso mesmo, nós, que abraçamos a filosofia da dignidade da vida, devemos expandir os laços de que “nada traz mais felicidade do que a paz”6 a partir das respectivas terras da missão.
Em torno daquele ano 1973, foram fundados os Departamentos Social, de Especialistas, de Conjuntos Habitacionais (atual Departamento de Castelo da Felicidade), de Áreas Rurais (atual Departamento de Agricultura e Pesca) e de Comunidades Locais, entre outros. Os heróis e os líderes desses departamentos vieram se dedicando por meio século, como pioneiros e exemplos, nos locais em que se encontram, levantando a bandeira da “prática da fé é a própria vida diária”, do “budismo é a própria sociedade”, da “transformação de veneno em remédio”, do “budismo é vitória ou derrota”.
Realmente, minha gratidão é imensurável.
Nova partida com todo o orgulho
Faz dez anos desde a conclusão do Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu.
O venerado mestre costumava incentivar com frequência: “Daqui a dez anos, tornem-se todos uma pessoa que possa se orgulhar de que ‘não há ninguém mais feliz do que eu’”. Exatamente conforme essas palavras, ao longo dos últimos dez anos, nossos preciosos companheiros vieram superando as montanhas de dificuldades e criando uma vida de vitórias e de felicidade.
Hoje, os companheiros de juramento seigan de 192 países e territórios, incluindo o Japão, formam uma legião de 3 milhões de pessoas somente no exterior. E cada pessoa está demonstrando a comprovação da felicidade da revolução humana. Os companheiros emergidos da terra da América do Norte, das Américas Central e do Sul, da Ásia e da Ocea-nia, da Europa, dos Orientes Próximo e Médio e da África bailam alegremente no palco verdadeiramente global.
Sejam quais forem as circunstâncias, com a união de “diferentes em corpo, unos em mente”, a família Soka deve avançar iluminando claramente a sua comunidade local por meio das próprias ações, fazendo arder as chamas da coragem de que, “quanto mais profundas as trevas, mais próximo se encontra o alvorecer”.
Indomável rede popular solidária
O professor emérito da Universidade Harvard Dr. Harvey Cox aponta: “A SGI vem contribuindo consistentemente para enfrentar os difíceis desafios que se apresentam sucessivamente sobre a humanidade”.
Ele manifesta também sua admiração e louvor: “O que notabiliza a SGI como movimento popular é o seu envolvimento com a sociedade. Pode-se dizer, também, que é o seu profundo envolvimento para contribuir para a felicidade de outras pessoas, não se restringindo somente ao próprio bem”.
Aqui está a indomável rede popular solidária, a qual pode ser considerada a maior do Jambudvipa (o mundo inteiro), levantando alto a grande filosofia da felicidade, a maior do Jambudvipa.
Segunda palestra do presidente Ikeda na Universidade Harvard, nos Estados Unidos. Eminentes intelectuais acompanham o discurso: Dr. Harvey Cox, primeiro à dir.; Dr. John K. Galbraith, segundo à dir.; Dr. Nur Yalman, primeiro à esq. (set. 1993)
O alicerce da Força Jovem Mundial está firme
Reunindo cada vez mais a força e a paixão dos jovens emergidos da terra, vamos expandir o jardim da paz, edificando o castelo de “valores humanos”, visando à criação de valor da felicidade do povo de todo o planeta.
No topo: Ikeda sensei (na foto ao lado da esposa, Kaneko) convoca os companheiros a avançar abraçando a grande filosofia da esperança: “Agora, vamos partir, juntos!” (Hachioji, Tóquio, dez. 2003)
Publicado no Seikyo Shimbun de 15 de novembro de 2023. Escrito pelo presidente Ikeda antecipadamente.
Fotos: Seikyo Press
Notas:
1. The Writings of Nichiren Daishonin [Os Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, v. II, p. 802.
2. Cf. NGOMANE, Mungi. Ubuntu, Jibun-mo Hito-mo Shiawase-ni-suru “Afurika-ryu 14 no Chie” [Ubuntu: 14 Sabedorias Africanas que Tornam Felizes a Pessoa e as Demais]. Tradução: Akane Nagasawa. Pan Rolling.
3. Cf. MANDELA, Nelson. Jiden “Jiyu-e no Nagai Michi-ge” [Autobiografia “O Longo Caminho para a Liberdade, Parte 2”]. Tradução: Kazuki Agarie. Editora NHK.
4. IKEDA, Daisaku. Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v.10.
5. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 24, 2020.
6. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 9, 2019.
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