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Acenda a lamparina do seu coração

O sincero espírito de doação embasado no Budismo de Nichiren Daishonin cria uma poderosa causa para a revolução humana e impulsiona o movimento pela paz

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Redação

22/02/2024

Acenda a lamparina do seu coração

Existe uma parábola budista que ilustra os grandiosos benefícios de um oferecimento sincero relatada em um sutra budista e mencionada por Nichiren Daishonin em uma carta de incentivo a uma seguidora que lhe enviara doações. A parábola também é citada no volume 26 do romance Nova Revolução Humana, de autoria do presidente Ikeda, como segue:

Esse conto ensina que o oferecimento sincero de uma mulher foi muito mais valioso que magníficas oferendas de pessoas ricas. Trata-se da história de uma mulher pobre que viu diversos reis e homens abastados doando lamparinas como oferecimento ao Buda e quis fazer o mesmo. Embora fosse tão pobre a ponto de não ter o que comer, comprou óleo para uma pequena lamparina e a ofereceu ao Buda.
A mulher pobre foi até o Monastério Jetavana, onde o buda Shakyamuni morava na época. Lá, havia muitas lamparinas acesas, oferecidas por outras pessoas, brilhando intensamente. A mulher depositou sua pequena lamparina ao lado das demais e prometeu: “Embora seja pobre, ofereço esta lamparina com toda a minha sinceridade. Que, com o mérito que obtiver, eu possa alcançar uma brilhante sabedoria na próxima vida e iluminar a escuridão de todos os seres vivos”.
Na manhã do dia seguinte, todas as outras lamparinas haviam se apagado. Somente a da mulher pobre continuava acesa. Mesmo quando os discípulos do Buda tentaram apagá-la, a chama não se extinguiu.
O Buda afirmou que a lamparina jamais poderia ser apagada, mesmo que fosse engolida pela água dos quatro oceanos ou golpeada por ventos fortes. Isso porque a lamparina foi oferecida por alguém que acalentava o grande desejo de conduzir todos os seres vivos à iluminação.
O que importa é a sinceridade. Se mantivermos uma fé inabalável, poderemos acender a lamparina da boa sorte capaz de iluminar todo o Universo.1

Gratidão e sinceridade

No budismo, o espírito fundamental da doação é o sentimento de gratidão e de sinceridade. São inúmeras as passagens das escrituras em que Nichiren Daishonin enaltece esse espírito manifestado por seus discípulos ao oferecerem algo a ele, ao mesmo tempo em que lhes assegura imensuráveis benefícios. Mesmo no Budismo de Shakyamuni, há diversas passagens e parábolas que ensinam sobre a importância da sinceridade no ato de contribuir em prol da Lei Mística e os benefícios resultantes disso.

Vale ressaltar que a sinceridade descrita no budismo está sempre associada a algum tipo de ação concreta e desafiadora à altura das circunstâncias vividas pelo praticante da doação.

Formas de doação

Na verdade, quando praticamos o budismo, estamos a todo momento contribuindo com alguma forma de doação, seja material ou não. Ao realizar a prática diária do gongyo e do daimoku, fazemos oferecimentos de incenso, velas, águas, frutas e ramos verdes. Ao nos relacionarmos com familiares, colegas de trabalho, amigos e companheiros da BSGI, podemos oferecer um olhar gentil, palavras calorosas, atitudes cordiais e sinceras, ou seja, pormos em prática o respeito ao outro, prezando cada pessoa a começar por aquela que está à nossa frente naquele momento.

Também existem incontáveis membros da Soka Gakkai pelo mundo que oferecem a residência ou outro local específico para a promoção das atividades pelo kosen-rufu. A própria participação nessas atividades com o propósito fundamental de cumprir o desejo do próprio Buda, visando à felicidade da humanidade, é um nobre ato de doação, assim como ao nos empenhar para realizar a propagação do budismo (shakubuku), buscando a felicidade das pessoas, mesmo enfrentando várias dificuldades.

Outra importante forma de doação é a participação sincera no suporte financeiro às atividades (Kofu), um oferecimento material que possibilita a promoção das atividades e a manutenção de seus locais de realização, comparável às doações oferecidas diretamente a Nichiren Daishonin durante a sua existência. Também no romance Nova Revolução Humana, Ikeda sensei comenta sobre isso:

A contribuição na Soka Gakkai difere das coletadas costumeiramente na sociedade, pois a iniciativa de participar está fundamentada na prática da fé, na sincera e fervorosa fé – dessa forma os louvores de Nichiren Daishonin e os benefícios dessa dedicação são imensuráveis. (...)
Essa contribuição é destinada exclusivamente para cumprir o sagrado desejo de Daishonin de realizar o kosen-rufu. E se é promovida com essa finalidade, é então um oferecimento ao Buda. Sendo assim, não há outro oferecimento ou outro grande bem que supere a contribuição promovida na Gakkai, e os benefícios provenientes desse nobre ato serão imensuráveis.2

Iluminar a todos

Não há formas melhores ou piores de oferecimentos. Todas são igualmente importantes, contanto que se leve em consideração espírito, a sinceridade de como foram feitos e o empenho da pessoa para fazê-lo. Essa deve ser a base do espírito de doação — uma sincera prática da fé. Esta constitui, na verdade, uma poderosa causa para a revolução humana.

Naturalmente, a solução de problemas e a melhoria na qualidade de vida com base na prática da fé são tipos de benefício. Mas o benefício maior da prática budista é a iluminação — a conquista da felicidade absoluta. Comprovando esses benefícios na vida diária, é preciso crescer constantemente na prática da fé objetivando a felicidade absoluta. Nichiren Daishonin declara:

Ensinarei ao senhor como se tornar um buda com facilidade. Ensinar algo a outra pessoa é como lubrificar as rodas de uma carruagem a fim de que girem, ainda que esta seja pesada, ou como pôr um barco na água para que navegue sem dificuldade. A maneira para se tornar um buda facilmente não tem nada de especial. É como dar água a alguém sedento em época de seca, ou como acender fogo para uma pessoa que está morrendo de frio; também é como dar algo único a outra pessoa, ou fazer uma doação ainda que ao custo da própria vida.3

Além disso, Daishonin afirma: “Se acender uma lamparina para uma outra pessoa, iluminará também o seu próprio caminho”.4 Todos são indivíduos de valor. O Buda ressalta que respeitar os outros constitui a base da prática do Sutra do Lótus, e que concretizar o shakubuku é conduzir a prática desse bodisatva. Quando nos empenhamos de corpo e alma a encorajar as pessoas, convictos de que cada uma delas possui uma missão preciosa, somos capazes de revelar o potencial não só dessas pessoas, mas o nosso também.

Doar (e, sobretudo, doar-se) é uma ação que deve nascer do coração, com espírito elevado proveniente de uma prática da fé sincera.

Leia mais

No encarte Guia para a Vitória, que acompanha esta edição do Brasil Seikyo.

Fontes:

Brasil Seikyo, ed. 1.989, 30 maio 2009, p. A2.

Idem, ed. 1.660, 20 jul. 2002, p. A6.

Idem, ed. 1.661, 27 jul. 2002, p. A6.

Idem, ed. 1.662, 10 ago. 2002, p. A6.

Idem, ed. 1.663, 17 ago. 2002, p. A6.

Notas:

1. IKEDA, Daisaku. Líderes Audazes. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 26, p. 186-187, 2020.

2. Idem. Triunfo. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 4, p. 101-108, 2018.

3. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 353, 2017.

4. Nichiren Daishonin Gosho Zenshu [Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, p. 1598.

Ilustração: GETTY IMAGES

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