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Relato

Na órbita da felicidade

Ao converter o destino de sofrimento em uma vida de vitórias, Fernando Freitas comprova a força da sincera gratidão

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Redação

22/02/2024

Na órbita da felicidade

O nordestino Fernando Freitas, 51 anos, é de origem indígena, raízes das quais se apropriou de força para não rejeitar o trabalho aguerrido. Desde menino, postou-se na “lida”, ou seja, esforçou-se muito para ajudar a mãe nas despesas de casa. No bairro onde morava, oferecia para venda picolé, cocada, caranguejo, e um tanto de coisas. Depois, com 16 anos, já viajava para buscar roupas e revendê-las nas cidades do interior da Bahia. Aos 18 anos, obteve o primeiro registro em carteira, retornou aos bancos escolares incentivado pela mãe e embarcou em busca por uma religião que desse “uma resposta para a causa do sofrimento e para onde minha vida estava se encaminhando”.

Jovem também sofre? “Ah, e como. Parece que a gente entra em uma espiral de ansiedade sem fim.”

Nesta edição, vamos conhecer um pouco da trajetória de Fernando Freitas, que, em abril próximo, completará 28 anos de família Soka. Da espiral de sofrimento, ele passa para uma órbita diferente, iluminada de esperança, na qual aprendeu a romper limites e a se encontrar profissionalmente. Bem, ele se deparou com tantas frentes de trabalho que optamos por designá-lo empresário multissetorial. Para Fernando, tudo foi exponenciado à felicidade plena, a partir do momento em que agarrou firme a oportunidade de criar por si a esperança de dias melhores. Acompanhe!

Acredito que a vida sempre nos dá chance de mudar o rumo do sofrimento que sentimos. Dar uma guinada. Eu tinha 23 anos quando encontrei a Soka Gakkai, depois de rodar bastante sem nem sentir o cheiro da tal felicidade. Em uma cidade de raízes tradicionais religiosas, era tudo muito diferente. Mas eu queria ser feliz a todo custo, então me dediquei a aprender. Ouvi sobre os ensinamentos do buda Nichiren Daishonin por meio das explanações do então presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, que todos chamavam carinhosamente de Ikeda sensei. Aos poucos, tudo fazia sentido. Eu me dediquei a pôr em prática as orientações que lia no Brasil Seikyo. Sentia-me fortalecido.

Devoção na doação sincera

Ikeda sensei comenta na obra Nova Revolução Humana (NRH), de sua autoria: “O espírito de devoção em realizar a doação eleva o estado de vida e proporciona imensuráveis benefícios, e isso, por sua vez, aprofunda a convicção na prática budista. Essa é a fórmula do budismo que coloca as pessoas na órbita da felicidade”.1  

Dois meses depois da minha conversão, eu me tornei membro do Departamento de Contribuintes (Kofu), participando com uma única cota. O importante, conforme me foi orientado pelos veteranos, é a contribuição voluntária, feita com sincero sentimento e gratidão. Trouxe isso para mim. Determinei então que dobraria a quantidade de cotas a cada etapa. O efeito dessa “órbita da felicidade”, citada pelo Mestre, é o que venho vivenciado nesses anos de prática budista. Isso porque compreendi que possuímos a natureza de buda inerente — fonte de coragem, sabedoria, esperança —, condição básica de vida, e criar causa para evidenciá-la.

Expandir a vida

É extraordinário quando rompemos nossos limites. No início da minha prática, ouvi sobre a força contida na recitação de um único Nam-myoho-renge-kyo (daimoku). Pensei: “Se recitar uma vez já produz benefícios, imagine dobrar e dobrar?” Por vários dias, recitei dez horas de daimoku. Nesse período, trabalhava na fabricação de toldo, avental e forro de mesa, mas desejava avançar, ter mais tempo de estudo e desenvolvimento pessoal. Como efeito da intensa recitação de daimoku, veio o grande benefício: um trabalho como educador de jovens na Casa da Criança e do Adolescente de Camaçari, na Bahia, com uma carga horária de vinte horas semanais, boa remuneração e tempo para me dedicar aos estudos e às atividades da organização.

No período de oito anos, fiz mais de vinte cursos: teatro, dança, iluminação cênica, maquiagem cênica, inglês, espanhol, superior em gestão de negócios e marketing. Finalmente, aos 28 anos, defini minha profissão, lendo nos nossos periódicos um poema do nosso mestre, no qual ele estimulava a descobrir nossos talentos. Percebi que tinha vocação para trabalhar com a voz

Comecei como locutor de porta de loja e cantor; em seguida, evolui para um serviço de som. Em 2004, atuei como locutor folguista em uma rádio na cidade Dias D’Ávila — meu primeiro emprego oficial nessa área. Exercitei-me a pôr em prática o que aprendia nos grupos horizontais da Gakkai, isto é, a postura de ser um farol de coragem e sabedoria em todos os ambientes. Em quatro anos na emissora, cheguei a ser coordenador de programação, logo em seguida, gerente. Em 2007, conheci minha esposa, Verônica, que me incentivou a criar a minha própria rádio.

Solo da boa sorte

E dessa maneira avançamos. Mesmo com a pandemia da Covid-19, junto com minha esposa e os filhos Saulo Fernando, 12 anos, e Joaquim, 4, tudo fluiu, e seguimos colhendo os frutos dos benefícios e da boa sorte acumulados ao longo desses anos. Vivemos na órbita da felicidade que a prática da fé nos tem oferecido, seguindo as orientações do nosso eterno mestre. Temos, entre outros negócios: espaço para eventos; restaurante e churrascaria; creche e berçário; escola; rádio comunitária; estúdio para gravação de voz, carro de som e ações de marketing promocional, executando serviços para as principais empresas do país.

Graças aos incentivos dos companheiros da organização, de familiares e amigos, sigo vencendo a cada dia. Posso atribuir essa trajetória ao fato de jamais falhar na participação do Kofu, cumprindo a minha determinação. Sempre fiz minha contribuição com sincero sentimento de gratidão e, assim, as comprovações vieram no mesmo ritmo. Trago em meu coração o que dizia Nichiren Daishonin aos discípulos que faziam oferecimentos: “Com toda a certeza, o senhor plantou sementes de boas causas no solo da boa sorte. Minhas lágrimas não cessam quando penso nisso [na sua calorosa dedicação]”.2


Cenas de atividades no Distrito Alvorada, do qual é responsável. Com os membros da Divisão Sênior

Cenas de atividades no Distrito Alvorada, do qual é responsável. Com os membros da Divisão Sênior

Orando junto com os companheiros locais

Orando junto com os companheiros locais

Tenho 51 anos e quero seguir nesse avanço contínuo. Nós podemos tudo! Muito obrigado, Ikeda sensei, por ter trazido este maravilhoso budismo ao nosso país, oferecendo essa órbita da felicidade a tantos que necessitam.


Fernando José Silva de Freitas, 51 anos. Empresário multissetorial. Reside com a família em Vila de Abrantes, município de Camaçari, Bahia. Na BSGI, é responsável pelo Distrito Aeroporto, RM Salvador Norte, CRE Leste.


No topo: Fernando posa com os filhos Saulo Fernando e o caçula Joaquim, e a esposa, Verônica, na formatura do colégio que dirigem juntos

Notas:
1. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 4, 2018. p. 106.

2. Nichiren Daishonin Gosho Zenshu [Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, p. 1595.

Fotos: Arquivo pessoal

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