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Entrevista

Trabalhar em prol da paz

Brenda Sachiko Hada - Assessora de comunicação

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03/02/2020

Trabalhar em prol da paz

Atuando na área diplomática na Organização das Nações Unidas (ONU), Brenda, que trabalha como comunicadora, compartilha suas experiências no Brasil e no exterior e explica como vencer a barreira do idioma pode construir pontes de diálogo e relações entre os povos

Para você, qual a importância de aprender uma língua estrangeira?

Quanto mais idiomas falamos, mais nos aproximamos das pessoas. Poder falar a língua do outro é também entender o modo como ele pensa, sua cultura e até mesmo sua história. O aprendizado de línguas promove o respeito à dignidade da vida humana.

Falo inglês e português, mas me arrisco a conversar em francês e espanhol quando conheço pessoas que falam esses idiomas. É sempre bom aprender mais para fazer com que a língua seja algo realmente vivo e que promova o diálogo, por isso costumo praticar no dia a dia.

Soubemos que é formada em artes visuais, como foi essa escolha?

Não foi fácil decidir o que estudar na faculdade. Eu acalentava o sonho de trabalhar com diplomacia e relações internacionais e sabia que gostaria de trabalhar com a imagem, assim como sensei faz com suas belas fotografias. Pesquisei cursos e encontrei as artes visuais e também o audiovisual, ingressando na Unicamp em 2010.

Em algum momento chegou a pensar em trabalhar na ONU?

No segundo ano de faculdade (2012), determinei realizar um intercâmbio pela universidade e, após seis meses de dedicação, me foi concedida uma bolsa do Ciências Sem Fronteiras para os Estados Unidos por um ano. Lá, aprendi que ser cidadã do mundo é conseguir estabelecer diálogo com todos os tipos de pessoas, independentemente de idade, crença e cultura.

Em 2014, prestes a concluir a faculdade, o sonho de trabalhar com assuntos internacionais foi acendido, mas a ONU me parecia distante. Apenas admirava o Mestre enviar anualmente suas Propostas de Paz para as Nações Unidas.

Como as portas se abriram?

Em 2016, passei em um processo seletivo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), num centro de políticas no Rio de Janeiro de nome Centro Mundial de Desenvolvimento Sustentável. Era encarregada de produzir conteúdo de design gráfico, audiovisual e mídias sociais em inglês sobre ações do Pnud voltadas para avançar os dezessete Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU. Jamais imaginaria que teria oportunidade de trabalhar com isso nas Nações Unidas.

Nesse trabalho, tive a oportunidade de viajar para a Rússia e participar do 19o Festival Mundial de Jovens e Estudantes. Também viajava em missão para outras cidades do estado do Rio de Janeiro, especialmente as situadas em áreas de vulnerabilidade social.

Depois disso, eu me mudei para Brasília e logo ingressei no Arco-Íris, grupo que sempre me interessei pela natureza do treinamento e papel em registrar a história da Soka Gakkai, por meio da comunicação e da tradução.

No Distrito Federal, consegui um emprego no Unicef – Fundo das Nações Unidas para a Infância. Essa seria minha segunda experiência de trabalho na ONU, agora atuando com assessoria de imprensa, monitoramento de mídias e produção de conteúdo, na temática dos direitos das crianças e dos adolescentes.

Em 2019, recebi uma proposta para trabalhar na Secretaria de Relações Internacionais do Governo do Distrito Federal com comunicação institucional.

Fazia a cobertura de todas as ações do escritório e, com isso, muitas visitas a embaixadas e escolas públicas do Distrito Federal. Em poucos meses já visitei mais de dez embaixadas para a produção de conteúdo e entrevistas com participantes de projetos.

Nesse meio-tempo, em novembro, fui convidada para o processo seletivo do Pnud para trabalhar na resposta humanitária em Moçambique. Cheguei ao país no dia 3 de janeiro de 2020 e vim trabalhar na cidade de Beira, onde ocorreu um ciclone em março de 2019. Minha função é realizar a assessoria de imprensa e relatar sobre os projetos, as melhorias e o atendimento que estão sendo prestados à população local.

Nessa sua trajetória trabalhando com questões humanitárias, o que marcou mais você?

Em maio de 2019, fui até Roraima acompanhar o trabalho de resposta humanitária para os refugiados venezuelanos. Lá, existe todo um trabalho de assegurar direitos para aqueles que chegam em situação de muita vulnerabilidade social e mais emergencial. Emocionalmente, isso me marcou muito.

Outra experiência bem marcante foi a missão para registrar histórias de meninas e meninos que estavam sendo beneficiados com programas da ONU. Registrei trajetórias emocionantes de direitos ao esporte inclusivo, à alimentação, direitos das pessoas com deficiência, combate à violência sexual, combate ao bullying e participação jovem na política.

Essas duas experiências me mostraram a importância de cada um cuidar das pessoas e atuar no exato local em que está. Não é preciso ver as pessoas em uma situação de vulnerabilidade para fazer algo.

O que você diria aos Estudantes que desejam aprender uma língua estrangeira, mas têm dificuldade?

Primeiro, não desistam dos sonhos, porque são eles que nos movem na vida. Segundo, podemos aprender novas línguas dentro e fora do padrão da sala de aula.
O importante é começar e encontrar maneiras de aprender naturalmente.

Alguns, por exemplo, podem aproveitar que são mais extrovertidos para aprender o idioma conversando com pessoas que sabem ou já estudaram a língua; outros que preferem estudar sozinhos podem procurar por videoaulas, aplicativos, e assim por diante.

Seu trabalho tem impacto direto na sociedade, e está alinhado com os ideais da Soka Gakkai; como se sente em relação a isso?

É maravilhoso poder falar abertamente sobre a dignidade da vida humana e sobre os valores que o budismo também acredita dentro do meu contexto de trabalho e, da mesma maneira, poder contribuir na Soka Gakkai com meu conhecimento profissional.

Compartilhei com sensei minhas oportunidades de trabalho, então o Mestre está ciente de que, em algum lugar na ONU, há uma discípula empenhada na transformação do futuro. Isso reforça meu sentimento de lutar pelo kosen-rufu onde quer que eu esteja.

O impacto positivo de ser budista e humanista na sociedade acontece nas ações do dia a dia, seja com os cuidados ambientais no bairro, dialogando com novas pessoas sobre um tema que ache importante, mediando conflitos entre colegas, e assim por diante.

Organizações das Nações Unidas (ONU)

Criada no pós‑guerra, em 24 de outubro de 1945 e completa este ano 75 anos (2020), tem como principal objetivo garantir a paz no mundo.

A ONU também apoia e desenvolve ampla agenda, que contempla a promoção dos direitos humanos e do desenvolvimento social e econômico, a proteção do meio ambiente e a promoção de ajuda humanitária em casos de desastres ambientais e conflitos armados.

Com sede em Nova York, atualmente conta com 192 Estados‑membros.

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