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Cuidar do futuro

Crianças também sentem os efeitos da pandemia em sua vida e o diálogo pode ajudar pais e filhos a passar por este momento de maneira mais leve

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11/06/2020

Cuidar do futuro

REDAÇÃO

Acordar, ir à escola, encontrar os amigos, frequentar aulas de balé, praticar judô, visitar os avós nos fins de semana. Essas são apenas algumas das atividades que as crianças, de uma hora para outra, não podem mais fazer. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2018 afirmam que existem 35,5 milhões de crianças (até 12 anos), o que corresponde a quase 20% da população brasileira. Como não fazem parte do grupo de risco do Covid-19, pouco se fala sobre as crianças, mas o presidente Ikeda, inúmeras vezes, reforça que elas são a esperança do futuro. Sendo assim, como cuidar bem delas para preservar sua saúde e minimizar possíveis traumas decorrentes deste período?

BS conversou com Patrícia Potomati, vice-responsável pelo Departamento de Orientação Humanista para Pais e Estudantes (Depohpe), da Coordenadoria Educacional (CEduc), para esclarecer qual a melhor forma de os pais lidarem com seus filhos durante esta fase de isolamento social. Segundo a psicopedagoga, um grande aliado das relações neste momento, sejam elas quais forem, é o diálogo. “O diálogo nesta fase de pandemia é fundamental. Ele precisa permear esta nova situação para que a família perceba como essa criança está agindo.”

Os adultos sentem medo, angústia e ansiedade como alguns dos efeitos que este isolamento social, sem prazo para acabar, nos impõe, assim como às crianças. Patrícia afirma que é necessário que os pais acompanhem os filhos para melhor entender o que eles estão sentindo. “As crianças percebem e sabem tudo o que está acontecendo, não podemos criá-las como se estivessem num mundo paralelo. Claro, não podemos amedrontá-las com o que se passa nos noticiários. Mas, para mantê-las mais calmas, é preciso ser honesto e explicar o que está ocorrendo no mundo e o motivo de tantas atividades cotidianas não existirem mais e deixar claro que esta fase vai passar. Elas raramente vão revelar seus sentimentos, é o adulto que precisa conversar com a criança para entender como ela se sente. Nós, como responsáveis, por exemplo, conseguimos perceber se nosso filho, que antes era agitado, está mais quieto e introspectivo. Isso se aplica não só às crianças, mas também aos adolescentes. E, com o diálogo, conseguimos esclarecer o que está acontecendo, que pode ser falta dos amigos, dos avós, da professora, ou por medo, por exemplo. É preciso estar atento.”

Os efeitos ainda são desconhecidos, por ser este um momento que a geração atual nunca viveu. Segundo a psicopedagoga, uma coisa é certa: os reflexos nas crianças e nos adolescentes dependem de suas condições familiares. “A criança pode sair cheia de boas lembranças, memórias emocionais em que ela se sentiu segura e feliz, mas isso é muito peculiar, depende de como cada família está vivendo. Entra aí, novamente, a importância do diálogo e também da saúde mental de cada família. Quando tudo está em equilíbrio, a criança pode sair bem, e mais unida à família.”

As crianças são cheias de energia e os pais, muitas vezes, tentam equilibrar a rotina de casa com o trabalho, somado ao fato de estarem todos no mesmo ambiente. Uma das maiores perdas do isolamento é o convívio social, que na faixa etária das crianças é muito marcante e simbolizado principalmente pela escola. E quais atividades fazer para amenizar essa falta nas crianças ou para diverti-las em casa? “Cada família tem sua peculiaridade e sabe o que melhor se encaixa na sua dinâmica, mas ideias são sempre bem-vindas e as crianças costumam ser muito criativas.”

De acordo com Patrícia Potomati, tudo isso é muito lúdico para as crianças e cria memórias afetivas e positivas. “Quando isso acabar, seu filho se lembrará disso com ternura. E o amor nos torna fortes e resilientes. Você, pai, mãe ou responsável, é exemplo disso na vida dos pequenos. Essa fase pode ser desafiadora para você, mas aproveite para criar esses momentos sem delegar para terceiros que estão fora do seio familiar. É o seu momento de demonstrar todo o seu afeto e sabedoria com os filhos.”

Depoimento 

“Minha mãe é enfermeira e, para me proteger, estou passando a quarentena com a minha avó. Mesmo assim, eu me sinto muito feliz, pois sei que minha mãe se preocupa comigo e está cuidando de várias pessoas que precisam. Espero que tudo isso passe logo. A primeira coisa que vou fazer quando acabar a quarentena é um piquenique com minhas amigas do Pompom-tai.” Isabella Beatriz Moura Pereira, 9 anos, Sub. Norte Paulista

A psicopedagoga dá as seguintes dicas:

Fazer atividades diferentes. Por exemplo: mudar o lugar das refeições ou cozinhar pratos novos junto com as crianças.

Rever fotos antigas em família e contar histórias, como do dia em que a criança nasceu e episódios engraçados que aconteceram no período daquelas fotos.

Se for aniversário de alguém da casa, preparar a residência como se fosse uma comemoração em “tempos normais”, com decoração e balões.

Videochamadas com os amigos da escola.

Dançar e cantar com os filhos.

Planejar uma noite do pijama.

Plantar feijão no algodão.

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