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Relato

Vencer a cada dia

Sem temer os desafios, Roberto conduz uma vida criativa e feliz

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11/06/2020

Vencer a cada dia

Completei 40 anos neste perío­do de grandes desafios que tem sido 2020. Quando a crise causada pelo Covid-19 se instalou, iniciou-se uma nova etapa de comprovações e é preciso ter coragem para vencer, além de sabedoria para enfrentar essa batalha.

Tenho um restaurante e, desde o dia 15 de março, mesmo diante das dificuldades, decidi redirecionar o atendimento para o segmento delivery para não despedir nenhum colaborador. O mais importante é compreender que budismo é a vida diária. Assim, seguirei me empenhando a cada dia com a convicção de jamais ser derrotado!

Prática sincera

Para chegar até aqui, trilhei uma história de muita dedicação, que partiu de um sonho da juventude de conquistar independência e atuar como digno discípulo de Ikeda sensei no grandioso movimento pelo kosen-rufu.

Tudo começou no início da década de 1990, quando meus pais e meus irmãos se mudaram para o Japão a trabalho.

Segui me esforçando nos estudos e nas atividades da BSGI, em Ibiúna, SP, onde morava. No entanto, a proximidade com a organização diminuiu quando fui aprovado num curso técnico e passei a morar com meus tios, que não praticavam o budismo, em Santo André, SP. Certo dia, sofremos um assalto em casa e fui ferido no rosto, na mão e no peito com uma faca. Eu, que havia nascido numa família praticante do budismo Soka, compreendi com o ocorrido que tinha uma grandiosa missão para cumprir e retomei a prática budista e minhas metas com toda a convicção.

Assim, em 1999, decidi trabalhar no Japão e conquistar a independência financeira que tanto buscava. Nessa época, conheci minha esposa, Julia. Tempos depois, nós nos casamos e enfrentamos naquele país os desafios de recém-casados. Por não compreender a filosofia budista, Julia não concordava com a prática. Eu me desafiava a estudar o budismo assiduamente com a determinação de comprovar a veracidade de tudo o que dizia para ela a respeito deste ensinamento.

Vencer infalivelmente

Em 2002, quando tivemos nosso primeiro filho, a boa sorte se manifestou e o bebê nasceu saudável, mesmo diante da insegurança de que ele tivesse problemas de pele hereditários, como minha esposa. Com isso, ela mudou sua percepção sobre o budismo.

De 2004 a 2007, nossa vida se transformou bastante. Retornamos ao Brasil e compramos uma casa em Umuarama, PR. Trocamos de ramo e montamos um salão de beleza. Enfrentamos dificuldades financeiras e voltamos para o Japão para trabalhar e nos restabelecer. Felizmente, agora praticávamos juntos o budismo, e com a recitação do Nam-myoho-renge-kyo encontramos o encorajamento para não desistir.

No início voltei sozinho e trabalhava na região de Toyama, numa fábrica em que me sentia isolado. Recitava daimoku todos os dias para vencer infalivelmente, dedicando-me ao trabalho e ao estudo do japonês. Assim, logo conquistei a confiança dos colegas e dos chefes da empresa.

Em 2007, agora junto com minha esposa e meu filho, mudei para a região de Gifu, e lá conhecemos o Grupo Brasil. Nós nos tornamos responsáveis de comunidade e, por meio da fé, da prática e do estudo, superamos a situação desafiadora de perder nosso segundo filho, em 2008, e até mesmo a pressão de sermos questionados com relação à veracidade da nossa prática.

Vencemos novamente com a gravidez do terceiro filho, diante dos riscos de uma gestação delicada que se agravaram quando minha esposa contraiu a gripe influenza. No quarto mês, descobrimos que ela tinha toxoplasmose e, felizmente, o bebê não foi afetado pela doença. Ela também se recuperou de uma anemia e nosso filho Rafael nasceu saudável. Que alegria!

Vida nova

Com a crise econômica que se instalou no Japão, em novembro de 2010, voltamos para o sul do Brasil. Durante um ano, moramos no sítio dos meus sogros, trabalhando como feirantes junto com eles.

De volta à cidade de Umuarama, tinha dois empregos e, apesar disso, conseguia participar das atividades da BSGI na região. Ingressei no grupo de bastidores Gajokai e depois no Ohjohkai. Julia e eu assumimos a liderança da comunidade.

Em paralelo, avançamos profissionalmente. Em 2014, passamos de funcionários a empresários ao comprarmos um restaurante. Dali em diante, estava ainda mais convicto de vencer, pois havíamos adquirido um negócio praticamente falido.

Continuamos a recitar daimoku e aos poucos reerguemos o estabelecimento. Em 2015, compramos outro restaurante de comida oriental, e um ano depois, optamos por administrar somente esse segundo empreendimento, com a meta de atuar pelo desenvolvimento da região, inspirados na luta pelo kosen-rufu. À medida que nossa localidade progredia, o restaurante se consolidava. Hoje atuo à frente da comunidade e como entregador das publicações da Editora Brasil Seikyo (EBS) — ferramentas muito importantes para este momento de crise que estamos vivendo.

No restaurante, contratamos mais colaboradores, aprimoramos nosso serviço e conquistamos os clientes da região. Fomos reconhecidos pela excelência no trabalho com o Selo de Turismo (de qualidade no turismo, gestão e preocupação com o meio ambiente) e com o selo do Programa Alimento Seguro (PAS).

Todas essas conquistas são a comprovação do meu juramento de representar Ikeda sensei dignamente onde eu estiver. É como ele cita: “Um discípulo deve triunfar resolutamente. Essa é a essência do Budismo de Nichiren Daishonin, da SGI e também do espírito de unicidade de mestre e discípulo!” (BS, ed. 2.334, 6 ago. 2016, p. A3).

Nota:

1. Atualmente, na BSGI, a entrega de periódicos impressos está temporariamente suspensa seguindo as medidas de contenção da pandemia do novo coronavírus.

Roberto Issamu Kato, 40 anos. Empresário. Resp. pela DS da Comunidade Umuarama, RM Nova Noroeste do Paraná, Sub. Oeste do Paraná, CRE Sul, CGRE.

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